sexta-feira, 24 de abril de 2015

Terceira geração Romântica (principais autores) Sousândrade

Autor de vasta obra, seu trabalho mais importante é fruto de suas viagens, responsáveis pelo contato com realidades diferentes ao redor do mundo. O aspecto que mais o diferencia dos outros poetas brasileiros é a originalidade da sua poesia, principalmente com relação à ousadia de vocabulário com o uso de palavras em inglês e neologismos, bem como de palavras indígenas. Além disso, a sonoridade dos poemas também rompe com a métrica e com o ritmo tradicionais, o que despertou a atenção da crítica literária do século XX.
Seu trabalho, então esquecido, foi resgatado na década de 1960 pela crítica literária, principalmente pelos poetas Haroldo e Augusto de Campos, responsáveis pela análise de sua obra.
Seu poema mais famoso é o Guesa Errante, escrito entre 1858 e 1888, composto por treze cantos e inspirado em uma lenda andina na qual um adolescente, o Guesa, seria sacrificado em oferecimento aos deuses. O índio, porém, consegue fugir e passa a morar em uma das maiores ruas de Nova York, a Wall Street. Os sacerdotes que o perseguiam estão agora transformados em capitalistas da grande cidade de Nova Iork e ainda querem o sangue do Guesa, que vê o capitalismo consolidado como uma doença.

Dotada de pinceladas autobiográficas, o Guesa Errante denuncia o drama dos povos indígenas à exploração dos povos europeus.

Veja um trecho do poema:
                      
                              (...)
                             "Nos áureos tempos, nos jardins da América
                              Infante adoração dobrando a crença
                             Ante o belo sinal, nuvem ibérica
                             Em sua noite a envolveu ruidosa e densa.

                           "Cândidos Incas! Quando já campeiam
                            Os heróis vencedores do inocente
                            Índio nu; quando os templos s'incendeiam,
                           Já sem virgens, sem ouro reluzente,

                          "Sem as sombras dos reis filhos de Manco,
                           Viu-se... (que tinham feito? e pouco havia
                           A fazer-se...) num leito puro e branco
                           A corrupção, que os braços estendia!

                         "E da existência meiga, afortunada,
                          O róseo fio nesse albor ameno
                          Foi destruído. Como ensanguentada
                          A terra fez sorrir ao céu sereno!
                         (...) 
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