sexta-feira, 24 de abril de 2015

Prosa Romântica Brasileira

No Brasil, o desenvolvimento da prosa romântica é paralelo ao desenvolvimento da imprensa no país, que foi introduzida em 1808. Antes da vinda da Corte ao Rio de Janeiro, Portugal não permitia o desenvolvimento e a introdução da imprensa aqui no Brasil. A atividade passou a ser desenvolvida somente com a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, em 1808, que exigiu o desenvolvimento da colônia para atender ao seu modo de vida.
É importante colocar que, pelo fato da produção em prosa ter surgido no Romantismo, o nome romance é comumente associado ao movimento, muitas vezes sendo sinônimo de folhetim e de histórias românticas. No entanto, nem todo o romance é romântico/do Romantismo, uma vez que romance é apenas uma palavra que designa um gênero literário narrativo em prosa que teve vários desdobramentos ao longo do temo, como o romance realista e o romance naturalista.

As características 

O romance romântico, mais do que as poesias, queria responder e atender aos questionamentos sobre a identidade nacional. A prosa romântica tinha o intuito de redescobrir o Brasil, trazendo à tona e reconhecendo todos os espaços que o compunham, não só exaltando uma característica nacional, como a poesia fazia.


Era comum a presença do flash back, uma volta ao passado para explicar um fato do presente. O sentimentalismo era mais visível, uma vez que toda prosa romântica tem histórias de amor que tentam quebrar barreiras, terminando no casamento ou na morte (quando o amor não era possível). Essa idealização de um amor que quebra barreiras traz à tona a ideia de que o amor é a única forma das personagens se purificarem.
O conflito narrativo na prosa romântica também tinha a idealização de um herói, no entanto, apesar da coragem, da postura idealista e do desejo de justiça e moral, este herói esta inserido no contexto do romance ao qual pertence, podendo também ser uma heroína. O sentimento das personagens e os conflitos destes são mostrados na prosa e há também uma ideia muito forte de bem x mal, verdade x mentira, moral x imoral.
Tipos de romances 
Nesse movimento temos quatro tipos de romances sendo eles; o indianista, histórico, regional e urbano.
Romance Indianista
O romance indianista traz à tona a vida, cultura, crença e costumes indígenas. O índio surge como herói, representando o Brasil e os brasileiros, sendo corajoso, heroico, forte, idealizado. Há uma valorização da natureza e o espaço onde ocorre a narrativa remete ao natural, à paisagem brasileira. 
Exemplos de Romances Indianistas
Sendo todas essas obras de José de Alencar.
Romance Histórico
Já o romance histórico traz o retrato de costumes de uma época passada, sendo um relato que muitas vezes uma mistura de ficção e realidade.
Exemplos de Romances Históricos

(Ambos de José de Alencar) Também é importante saber que romances indianistas também podem ser considerados históricos.
Romance Urbano
Os romances urbanos são os mais lidos até hoje. Em sua grande maioria, este tipo no Romantismo narrava uma história que geralmente ocorria nas capitais, na alta sociedade. Funcionava como crítica aos costumes, mostrando a sociedade e os interesses desta em uma determinada época. Os heróis e heroínas deste romance faziam ou não parte desta alta sociedade e tinham que superar várias barreiras para a felicidade e a realização do amor e do casamento tal como nos outros tipos de romances românticos.
Exemplos de Romances Urbanos
                                                                                          



                       
Todos de José de Alencar.
De Machado de Assis.

De Joaquim Manuel de Macedo.

De Manuel Antônio de Almeida.

Manuel Antônio de Almeida, que surge trazendo à tona os costumes da periferia, indo na contramão do retrato de costumes da alta sociedade, algo raro neste tipo de romance.

Romance Regionalista

Passado em ambiente rural, mostrando costumes, valores e cultura típica de uma região temos aqui o Romance Regionalista. Este tipo de romance trazia um maior conhecimento do Brasil sobre si próprio, uma vez que voltava seu olhar pra regiões diferentes do Brasil, trazendo à tona sua diversidade.

Neste cenário rural há um herói do campo, sertanejo, alguém que pertence à sua terra e é o retrato desta. É bravo e honrado, preza a moral e os costumes de seu ambiente, colocando-se contrário às liberalidades da cidade e dos homens de lá. É importante ressaltar que não há tensão social no romance romântico regionalista, sendo este apenas um retrato regional de costumes, sem críticas.

Exemplos de Romances Regionalistas
De Visconde de Taunay.


De José de Alencar.



 De Bernardo Guimarães.

Terceira geração Romântica (principais autores) Sousândrade

Autor de vasta obra, seu trabalho mais importante é fruto de suas viagens, responsáveis pelo contato com realidades diferentes ao redor do mundo. O aspecto que mais o diferencia dos outros poetas brasileiros é a originalidade da sua poesia, principalmente com relação à ousadia de vocabulário com o uso de palavras em inglês e neologismos, bem como de palavras indígenas. Além disso, a sonoridade dos poemas também rompe com a métrica e com o ritmo tradicionais, o que despertou a atenção da crítica literária do século XX.
Seu trabalho, então esquecido, foi resgatado na década de 1960 pela crítica literária, principalmente pelos poetas Haroldo e Augusto de Campos, responsáveis pela análise de sua obra.
Seu poema mais famoso é o Guesa Errante, escrito entre 1858 e 1888, composto por treze cantos e inspirado em uma lenda andina na qual um adolescente, o Guesa, seria sacrificado em oferecimento aos deuses. O índio, porém, consegue fugir e passa a morar em uma das maiores ruas de Nova York, a Wall Street. Os sacerdotes que o perseguiam estão agora transformados em capitalistas da grande cidade de Nova Iork e ainda querem o sangue do Guesa, que vê o capitalismo consolidado como uma doença.

Dotada de pinceladas autobiográficas, o Guesa Errante denuncia o drama dos povos indígenas à exploração dos povos europeus.

Veja um trecho do poema:
                      
                              (...)
                             "Nos áureos tempos, nos jardins da América
                              Infante adoração dobrando a crença
                             Ante o belo sinal, nuvem ibérica
                             Em sua noite a envolveu ruidosa e densa.

                           "Cândidos Incas! Quando já campeiam
                            Os heróis vencedores do inocente
                            Índio nu; quando os templos s'incendeiam,
                           Já sem virgens, sem ouro reluzente,

                          "Sem as sombras dos reis filhos de Manco,
                           Viu-se... (que tinham feito? e pouco havia
                           A fazer-se...) num leito puro e branco
                           A corrupção, que os braços estendia!

                         "E da existência meiga, afortunada,
                          O róseo fio nesse albor ameno
                          Foi destruído. Como ensanguentada
                          A terra fez sorrir ao céu sereno!
                         (...) 

Terceira geração Romântica (principais autores) Castro Alves

Nasceu em Curralinho e faleceu em Salvador (ambas na Bahia) em decorrência da tuberculose e de uma infecção no pé causada por acidente em uma caçada. Considerado um dos poetas brasileiros mais brilhantes, Castro Alves tem sua obra dividida em duas grandes temáticas: poesia lírico-amorosa e a poesia social e das causas humanas.
Começou a escrever cedo e aos dezessete anos já tinha seus primeiros poemas e peças declamados e encenados. Aos vinte e um já havia conseguido a consagração entre os maiores escritores daquele tempo, como José de Alencar e Machado de Assis. É o patrono número sete da Academia Brasileira de Letras.
Uma das principais características de sua obra é a eloquência, a utilização de hipérboles, de antíteses, de metáforas, comparações grandiosas e diversas figuras de linguagem, além da sugestão de imagens e do apelo auditivo. O poeta também faz referência a diversos fatos históricos ocorridos no país, tais como a Independência da Bahia, a Inconfidência Mineira (presente na peça O Gonzaga ou a Revolução de Minas),
Diferentemente dos poetas da primeira geração, individualistas e preocupados com a expressão dos próprios sentimentos, Castro Alves demonstra preocupação com os problema sociais presentes na sua época. Demonstra também um certo questionamento aos ideais de nacionalidade, pois, de que adiantava louvar um país cuja economia estava baseada na exploração de sua população (mais especificamente dos índios e dos negros)?

A visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente dos poetas ultrarromânticos da geração precedente.
poeta da liberdade, Castro denuncia as desigualdades sociais e a situação da escravidão no país, além de solidarizar-se com os negros, que eram trazidos de modo precário dentro dos navios negreiros. Castro clamava à natureza e às entidades divinas para que vissem a injustiça cometida pelos homens sobre os homens e intervissem para que a viagem rumo ao Brasil fosse interrompida.
Graças a sua obra empenhada na denúncia das condições dos negros, ficou conhecido como "o poeta dos escravos", por solidarizar-se com a situação dos que aqui vinham e eram submetidos a todo tipo de trabalho em condições desumanas.
Destacamos aqui o Navio Negreiro que é um de suas principais obras:
Veja trecho de Navio Negreiro:
                                                            Canto VI
                                 Existe um povo que a bandeira empresta
                                P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
                               E deixa-a transformar-se nessa festa
                              Em manto impuro de bacante fria!...
                              Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
                             Que impudente na gávea tripudia?
                             Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
                            Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
                            Auriverde pendão de minha terra,
                           Que a brisa do Brasil beija e balança,
                           Estandarte que a luz do sol encerra
                           E as promessas divinas da esperança...
                          Tu que, da liberdade após a guerra,
                          Foste hasteado dos heróis na lança
                          Antes te houvessem roto na batalha,
                          Que servires a um povo de mortalha!... 
                          Fatalidade atroz que a mente esmaga!
                          Extingue nesta hora o brigue imundo
                          O trilho que Colombo abriu nas vagas,
                          Como um íris no pélago profundo!
                          Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
                          Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
                          Andrada! arranca esse pendão dos ares!
                          Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Dividido em seis cantos, segundo a divisão clássica da epopeia:
1º canto: descrição do cenário;
2º canto: elogio aos marinheiros;
3º canto: horror - visão do navio negreiro em oposição ao belo cenário;
4º canto: descrição do navio e do sofrimento dos escravos;
5º canto: imagem do povo livre em suas terras, em oposião ao sofrimento no navio;
6º canto: o poeta discorre sobre a África que é, ao mesmo tempo tempo, um país livre, acaba por se beneficiar economicamente da escravidão.

Segunda geração Romântica ( principais autores ) Fagundes Varela

Abandonou a faculdade de Direito, casou aos vinte e um anos e teve um filho. A morte do filho, aos três meses de vida, que serviu de inspiração para a composição de um dos seus poemas mais importantes, Cântico do Calvário. A este fato também é atribuída a sua entrega ao alcoolismo, levando o poeta à depressão e à vida boêmia pelos bares. Ocupante da cadeira número onze da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Lúcio de Mendonça.
Em contrapartida, sua obra cresce consideravelmente em função das amarguras da vida causadas pelas perdas dos filhos (outro filho seu morre, também prematuramente) e da esposa. Ela é variada e gira em torno da exaltação da natureza e da pátria, da morte, do mal-do-século, do sentimento religioso, além de poemas que tratam da abolição da escravatura em que prega uma América livre, como é o caso dos poemas presentes no conjunto Vozes da América (1864). Faleceu jovem, aos trinta e três anos.



Veja abaixo, trecho do poema Cântico do Calvário

Cântico do calvário
                                                à memória de meu filho morto a 11 de dezembro de 1863
                                                                Eras na vida a pomba predileta
                                                               Que sobre um mar de angústias conduzia
                                                               O ramo da esperança. Eras a estrela
                                                               Que entre as névoas do inverno cintilava
                                                               Apontando o caminho ao pegureiro.
                                                                Eras a messe de um dourado estio.
                                                                Eras o idílio de um amor sublime.
                                                                Eras a glória, a inspiração, a pátria,
                                                                O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
                                                                Pomba, - varou-te a flecha do destino!
                                                               Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
                                                               Teto, - caíste!- Crença, já não vives!
                                                               Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
                                                               Legado acerbo da ventura extinta,
                                                               Dúbios archotes que a tremer clareiam
                                                               A lousa fria de um sonhar que é morto!
                                                               (...)

Segunda geração Romântica ( principais autores ) Junqueira Freire

Monge beneditino, sacerdote e poeta, é conhecido por seus versos em que a tensão presente na vida religiosa está presente. Faleceu jovem, aos vinte e três anos e deixou uma obra poética permeada pelo sofrimento em decorrência da saúde debilitada e da vida clerical, que impunha severas restrições ao espírito do jovem sacerdote. Foi escolhido patrono da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número vinte e cinco por indicação de Franklin Távora.
Sua obra é conhecida pela tensão presente nos versos, que oscilam entre a vida espiritual, a religiosa e o mundo material. Junqueira Freire também é produto do seu tempo, revelando interesse em aspectos então contemporâneos, como a postura republicana e antimonárquica, fruto de sua desilusão com a vida religiosa. A busca pela liberdade viria apenas com a morte. Sua obra mais famosa é Inspirações do claustro (1855) cujo poema mais famoso é Louco, veja abaixo:





                                                                       Louco
                                                               (Hora de Delírio)
                                                Não, não é louco. O espírito somente
                                               É que quebrou-lhe um elo da matéria.
                                              Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
                                             Aproxima-se mais à essência etérea.
                                             Achou pequeno o cérebro que o tinha:
                                            Suas idéias não cabiam nele;
                                           Seu corpo é que lutou contra sua alma,
                                          E nessa luta foi vencido aquele,
                                         Foi uma repulsão de dois contrários:
                                         Foi um duelo, na verdade, insano:
                                         Foi um choque de agentes poderosos:
                                         Foi o divino a combater com o humano.
                                         Agora está mais livre. Algum atilho
                                         Soltou-se-lhe o nó da inteligência;
                                         Quebrou-se o anel dessa prisão de carne,
                                         Entrou agora em sua própria essência.
                                         Agora é mais espírito que corpo:
                                         Agora é mais um ente lá de cima;
                                         É mais, é mais que um homem vão de barro:
                                        É um anjo de Deus, que Deus anima.
                                       Agora, sim - o espírito mais livre
                                       Pode subir às regiões supernas:
                                       Pode, ao descer, anunciar aos homens
                                      As palavras de Deus, também eternas.
                                      E vós, almas terrenas, que a matéria
                                     Os sufocou ou reduziu a pouco,
                                     Não lhe entendeis, por isso, as frases santas.
                                     E zombando o chamais, portanto: - um louco!
                                     Não, não é louco. O espírito somente
                                     É que quebrou-lhe um elo da matéria.
                                    Pensa melhor que vós, pensa mais livre.
                                    Aproxima-se mais à essência etérea

Segunda geração Romântica ( principais autores ) Casimiro de Abreu

Nasceu em Capivari (RJ) e aos quatorze anos embarcou com o pai para Portugal, onde escreveu a maior parte de sua obra, em que denota a saudade da família e da terra nativa. Poeta da segunda geração romântica, Casimiro escreveu poemas onde o sentimento nativista e a busca pela inocência da infância estão presentes. Pertenceu, graças à amizade com Machado de Assis, à então recém fundada Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número seis. Vítima da tuberculose, faleceu na cidade de Nova Friburgo (RJ).
Os aspectos formais de sua obra são considerados fracos, porém, sua temática revela grande importância no desenvolvimento da poesia romântica para as letras brasileiras. Sua linguagem simples, acompanhada por um ritmo fácil, rima pobre e repetitiva revelam um poeta empenhado na expressão dos sentimentos saudosistas com relação à pátria e à infância. Essa última, em tom de profunda nostalgia, revela um tempo em que a vida era mais prazerosa, junto à natureza e longe dos afazeres e das responsabilidades da vida adulta.


Sua produção poética está reunida no volume As primaveras (1859) cujo poema mais conhecido é Meus oito anos, em que o poeta canta a saudade da infância vivida:
                                                           Meus oito anos
                                                Oh que saudades que tenho

                                                Da aurora da minha vida,
                                                Da minha infância querida
                                                Que os anos não trazem mais

                                               Que amor, que sonhos, que flores,

                                               Naquelas tardes fagueiras,
                                               A sombra das bananeiras,
                                               Debaixo dos laranjais.

                                               Como são belos os dias

                                               Do despontar da existência
                                              Respira a alma inocência,
                                              Como perfume a flor;

                                             O mar é lago sereno,

                                             O céu um manto azulado,
                                            O mundo um sonho dourado,
                                            A vida um hino de amor!

                                            (...)

O poema Meus oito anos é um dos mais populares da literatura brasileira, sendo parodiado por diversos autores, principalmente pelos poetas do período conhecido como Modernismo.

Segunda geração Romântica ( principais autores ) Manuel Antônio Álvares de Azevedo

Poeta romântico por excelência, Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo e estudou na Faculdade de Direito, porém, não chegou a concluir o curso. Faleceu jovem, aos 21 anos, vítima da tuberculose e da infecção resultante de um acidente de cavalo. A partir de então, desenvolveu verdadeira fixação com a própria morte, escrevendo a respeito da passagem do tempo, do sentido da vida e do amor - esse último, jamais realizado.
Seu livro de poesias, Lira dos Vinte Anos (publicada postumamente em 1853), carrega consigo a melancolia de um poeta empenhado em expressar seus sentimentos mais profundos. O conjunto de poesias também evidencia um poeta sensível, imaginativo e harmonioso.
Pode-se dizer que sua obra possui características góticas, pois retratam paisagens sombrias, donzelas em perigo, personagens misteriosas, envoltas em vultos e véus entre outros.
A frustração presente em sua obra é amenizada apenas através da lembrança da mãe e da irmã. Além disso, a perspectiva da morte, apesar de assustadora, traz conforto por saber que cessará a dor física causada pela doença e pelos sofrimentos amorosos do poeta. Veja no poema abaixo:



                                                     Se eu morresse amanhã!

                                            Se eu morresse amanhã,viria ao menos
                                            Fechar meus olhos minha triste irmã;
                                            Minha mãe de saudades morreria
                                            Se eu morresse amanhã!
                                            Quanta glória pressinto em meu futuro!
                                            Que aurora de porvir e que amanhã!
                                            Eu pendera chorando essas coroas
                                            Se eu morresse amanhã!

                                            Que sol! que céu azul! que dove n'alma
                                            Acorda a natureza mais loucã!
                                            Não me batera tanto amor no peito,
                                            Se eu morresse amanhã!
                                           Mas essa dor da vida que devora
                                           A ânsia de glória, o dolorido afã...
                                           A dor no peito emudecera ao menos
                                           Se eu morresse amanhã!

Além de poeta, Álvares de Azevedo produziu a peça de teatro Macário (1852), escrita após haver sonhado com o diabo. A peça conta a história de um personagem que, em uma viagem de estudos, faz amizade com um desconhecido e desobre ser ninguém mais, ninguém menos que o próprio satã. Não há menções sobre o nome da cidade em que eles se encontram, porém, há referências diretas à cidade de São Paulo. Assim, o poeta aproveita para fazer uma crítica à devassidão na qual a cidade estava imersa.
Azevedo também escreveu um romance chamado Noite na Taverna (publicada postumamente em 1855), uma narrativa composta por cinco histórias paralelas sobre cinco homens que relatam, em um bar, histórias de terror vivenciadas pelos mesmos. São eles: Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann e Johann. Os nomes são claramente europeus e fazem referência aos romances românticos produzidos naquele continente (especialmente os italianos e os alemães), bem como sua temática macabra, inspirada nos romances góticos.
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